terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

ARMAS E MASCUNILIDADE


O que é "ser homem"?
Ser um pai? Um provedor? Ter um bom salário e sustentar mulher e filhos?
Ser "macho"? Ser agressivo e "não levar desaforo para casa"? Defender seu patrimônio?
Ter um pênis grande, grosso, comprido e duro?
Transar como um animal?
Ter poder político e social? Estar em algum clube?
Comer carne e desvalorizar a vida do animal morto?
Ser insensível diante da tristeza? Nunca chorar?
E se alguma dessas características falhar? E se o sujeito, que quer "ser homem, que buscar "ser homem", sente que está sendo "menos homem"?
Ele pode ficar triste... mas tristeza, depressão, angústia... isso é "coisa de veado". E homem não é veado.
Então, estando frustrado, estando triste, mas não podendo demonstrar isso, resta a RAIVA. A tristeza da frustração se manifesta em raiva. Destruição. E os alvos podem ser ensinados por quem manipule esses homens frustrados.
Compram um PINTO-DE-METAL. Um CANO. Um FERRO. Que ejacula projéteis. Que se impõe com metal quente e veloz.
É a mascunilidade explosiva.
É o fazendeiro brega, de mal gosto, frustrado, em sua camionete importada, que odeia índios e agricultores pobres.
É o cidadão-de-bem de classe média, meio brocha, meio cansado de ser explorado, mas que não entende nada sobre sua condição de classe.
É o jovem homem, de 20 e poucos anos, de classe média ou classe rica, que é rejeitado socialmente por qualquer motivo, e ao invés de procurar ajuda psicológica e humildemente reconhecer eventuais erros, prefere se impor pela agressividade.
É o trabalhador que não suporta mais ser explorado por um sistema enorme, que ele não entende. Ele apenas enxerga o favelado assaltando o seu carro, e ele deseja reagir com violência.
Essas pessoas, circulando nas ruas, podendo legalmente portar duas armas. Alguns, entusiastas, poderão ter arsenais de 60 armas. E poderão comprar mais de 5000 cartuchos de munição.
Nenhum deles reflete sobre classe social. Sobre desigualdade social. Sobre sua ideia ilusória de mascunilidade. Tudo isso já está normalizado.
A solução, diante de tamanha ignorância e agressividade, é matar.

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