Há aqueles que se juntam a organizações, e há aqueles que ficam sozinhos. E em ambos os casos, fazem o trabalho de formiguinha. Somos formigas diante de um monstro gigante.
Na minha área, a Nutrição, imagino isso o tempo todo. O monstro gigante é uma indústria, anunciada a todo instante, oferecida em todo mercado, presente em cada casa, intrometida em casa corpo.
O Nutricionista é pequeno diante do seu desafio cotidiano. Este é o exemplo de formiguinha na saúde pública que eu consigo contar.
Mas eu vejo formiguinhas em várias áreas do conhecimento. E lembro que na religião Taoista existe o conceito de não-ação, que é a ação que independe do ego. "Porque ajudar o mundo dessa forma? Porquê é o que preciso fazer".
A "não-ação" Taoista, implícita em contos do livro Tao Te Ching, me fez pensar que somos agentes do destino, ou algo assim. Temos nossas escolhas a fazer, mas também temos um "motor interno" que inevitavelmente nos leva a uma direção.
A vida parece um barco que não conduzimos, onde podemos decidir muitas das nossas ações dentro desse barco, onde podemos enxergar outras pessoas em outros barcos, onde podemos gritar ou calar, dar a mão ou atirar, permanecer ou pular para fora.
A formiga não explica os motivos de trabalhar tanto pelo seu coletivo de formigas. Ela não parece raciocinar. E ela não parece ficar triste e querer morrer. Ela não parece ter um ego que quer e que não quer.
Mas justamente neste ponto, somos um pouco diferentes da formiga. Além de tudo que precisamos fazer, criamos dúvidas e a possibilidade de escolhermos a nossa própria auto-destruição. E isso parece estar envolvido com a chamada Depressão.
Não temos tanto medo assim do monstro. Mas cansa muito observar tanta destruição promovida por ele. Cansa muito ver cada nova narrativa mentirosa que o monstro usa para capturar outros seres. Somos um tipo de formiga que fica deprimida.
Talvez a única coisa que sempre nos resta é a não-ação.
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