terça-feira, 22 de setembro de 2020

A PATOGÊNESE DA OBESIDADE E AS POSSIBILIDADES TERAPÊUTICAS

 

Um preceito fundamental das ciências sociais é de que somos inerentemente Seres Sociais. Só existimos em sociedade.
Independentemente do nosso livre arbítrio, somos o que somos apenas dentro do conjunto de possibilidade que temos, dentro de um tempo histórico e de um espaço geográfico.
Não escolhemos onde nascemos e quais as condições que o mundo nos oferece.
Desta forma, enfermidades não congênitas (sem origem predominantemente genética), são Processos Sociais.
A epidemiologia mostra claramente e sem sombra de dúvidas que a humanidade, em certos locais da Terra, está se tornando obesa.
As condições Econômicas e Aquisitivas das pessoas, atreladas às Condições Ambientais de Produção e Distribuição de alimentos, e a cultura alimentar de origem tradicional ou publicitária, constituem as possibilidades alimentares dos povos.
Diante disso, quando pensamos numa população com um elevado número de indivíduos com obesidade, o primeiro profissional de saúde a ser observado deveria ser o Assistente Social.
Logo após, entendendo que a pessoa é construída socialmente e desenvolve pensamentos em relação a isso, entra a importância do Psicólogo.
E apenas depois do Assistente Social e do Psicólogo, entra o Nutricionista para pedagogicamente trabalhar o hábito alimentar e dieteticamente propor mudanças mais sólidas.
E por fim, os tratamentos médicos que não sou favorável, com medicamentos e cirurgias, surgem como "soluções finais".
Mas como os médicos tem maior prestígio social que Assistentes Sociais, Psicólogos e Nutricionistas, observamos suas opiniões e métodos sendo muitas vezes mais valorizados e praticados.
Nesta linha de raciocínio que defendo, nem mesmo o Nutricionista pode ser útil se não houver compreensão social do sujeito e adequação psicológica a uma intervenção nutricional em sua vida.
Quem sofre insegurança alimentar... a pessoa obesa que mora na rua e se alimenta do lixo... quem olha para ela? Uma cirurgia bariátrica resolveria? Uma dieta? Um psicólogo? Sendo que ela vive socialmente e economicamente marginalizada?
Eu amo estudar metabolismo, bioquímica, fisiologia... mas obesidade não começa pelo tamanho do estômago ou pelo conhecimento nutricional da pessoa obesa... começa socialmente e psicologicamente dentro das relações com aquilo que é possivel comer.

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