terça-feira, 22 de setembro de 2020

ENERGIAS INTERNAS: CONSTRUIR OU DESTRUIR A SI MESMO

 

Eu não sou psicólogo, filósofo e nem religioso, e o que falarei agora é "achismo" meu. Mas vamos lá:
Eu acredito que há uma dualidade no universo que nós, seres humanos, captamos. Acredito num "todo" incompreensível racionalmente, algo único (TAO?). Mas podemos observar suas manifestações como uma onda que possui vales e cumes. Cristas inferiores e superiores. Contrativo ou expansivo. Yin e Yang. Coagula e Solve. Desce e sobe. Concentra e dispersa. Terra e Céu. Constroi e destroi.
Eu identifiquei em mim essa dualidade. Pautado por ideologias sociais, muitas vezes eu manifestei a energia destrutiva contra o que está aí. E outras vezes manifestei a energia construtiva de criar algo novo e transformar o que está aí.
Considero que todo ser vivo tem uma energia vital. Libido, orgônio, prana, chi... tanto faz o nome. Essa energia primordialmente se manifesta na reprodução e se conclui na prole. O sexo é uma atividade primordial onde exercitamos nossa capacidade de criar, e o filho manifesta o final disso. Pintar o quadro e enxergar o quadro. Criar e contemplar. Libido e satisfação.
Herbert Marcuse já observava em "Eros e a Civilização" que a sociedade dos processos produtivos onde o trabalhador é alienado, gera pessoas que não conseguem manifestar sua energia vital de forma criativa. O funcionário que passa mercadorias pelo caixa de um mercado, 8 horas por dia, usando sua energia vital e criando aquela utilidade, não consegue observar exatamente todo o processo no qual está inserido. E essa alienação gera Agonia.
Quando eu observo a mim e outras pessoas em momentos tristes ou sofrendo de depressão, eu observo a palavra Agonia. "A" significa não, e "Gonia" significa criação. Quem sente agonia parece não estar conseguindo criar e/ou observar sua criação. Não consegue ter filhos ou, se tem, não consegue conhecê-los. É como pintar um quadro inteiro e nunca mais poder observá-lo finalizado.
Eu acredito que muita violência surja da tristeza criada na agonia. A sensação de frustração constante diante de valores socialmente impostos, e também a frustração diante da incapacidade de criar.
Stephen Hawk era portador da doença "ELA", mas criou até onde podia. Há também o curso de "terapia ocupacional" que visa estimular a capacidade criativa de pessoas em diversas situações adversas.
Um viciado em jogo parece querer criar vitórias. Um viciado em drogas parece querer criar momentos felizes.
O trabalho consciente e valorizado é a manifestação social da energia criativa.
Mas há pessoas que "travam". Ou por serem herdeiros de fortunas, ou por diversas violências sociais, não conseguem criar.
E há aqueles que vivem para destruir.
Ideologias diversas tentam correlacionar a ideia do "vagabundo", "inutil", "ladrão", a diversos inimigos políticos. No fundo, nosso trabalhoé um requisito para que sejamos socialmente aceitos.
Muitos simpatizantes da direita chamam a esquerda de "vagabundos". Muita "gente de bem" julga desempregados ou pessoas que injustamente tem um salário muito menor.
Assim como, independentemente de ideologia, observamos pessoas que não conseguem criar sua própria trajetória.
Há pessoas de esquerda que criticam tanto o sistema, que acabam inertes sem trabalhar pela sociedade, e nisso padecem de agonias e depressão.
Criar e trabalhar é essencial à humanidade. Em qualquer sociedade. Quem não cria destroi a si mesmo. E quem destroi a criação alheia que seja altruísta também destrói a si mesmo.
Gente que vive para brigar, agredir... não importa a ideologia. Já morreu por dentro. A violência pela violência já começou dentro daquela pessoa muito antes de ela ser socialmente violenta. A agonia cria um afastamento do indivíduo diante de toda a sociedade.
Alienação, agonia e violência. Quando agressores são ditos como "aqueles que não tem nada a perder", certamente toda a humanidade já perdeu mais uma chance de reconstruir a si mesma através daquela pessoa.

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